sexta-feira, 1 de maio de 2009

Arouca # 2


Logo pegado ao aido estava o galinheiro, mais uma vez um espaço construído pelo meu avô, era um recanto que tinha dois espaços separados por uma rede de arame, num dos espaços estavam as galinhas que punham ovos e no outro espaço maior estavam as restantes galinhas com os galos e os garnizés. Este era um local que eu visitava sempre e a que estava sempre atenta, não é que as galinhas interagissem comigo, porque não o faziam, mas eu gostava de as contemplar, gostava de observar o seu comportamento e a capacidade que tinham de estar sempre a comer, claro que também lhes dava comida, desde pedaços de broa, milho e cascas de uvas, comiam tudo, às vezes havia pintainhos, desses eu gostava especialmente.
Em frente ao galinheiro passando um caminho de terra, encontrava-se um local muito especial, que estava sempre sob a minha vigilância, tanto de inverno como de verão. Aí encontrava-se uma ramada que tinha uvas americanas. Eu adorava uvas americanas, comia-as quase compulsivamente, eu tinha uma forma muito especial de as comer, pegava na uva com os dedos indicador e polegar depois de arrancá-la do cacho chegava à boca a uva pelo orifício a que estava presa ao cacho e pressionava com os dedos a uva que saltava por este orifício para a minha boca, ficando a pele da uva nos meus dedos. Eu estava sempre muito atenta ao desenvolvimento das uvas americanas, sempre que ia à aldeia fora da época das uvas ia visionar como estavam a crescer, quantos cachos tinham, se havia algum parasita e deste modo conhecia todos os locais nos campos do meu avô onde cresciam uvas americanas e também outros locais que não pertenciam ao meu avô, nos campos vizinhos.

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