quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Pinheiro de natal


Costumava ser uma pequena árvore com os ramos simétricos e muito redondinho, muitas vezes surripiado de um pinhal qualquer, cujo tronco era enfiado num vaso com terra e colocado em cima de um banco disfarçado na sala de jantar ao lado do móvel grande.


A Bibi, dava-me todos os anos, bolas de vidro brilhantes de muitas cores para pendurar no pinheiro de Natal, que a minha mãe juntava às bolas e fitas coloridas que estavam guardadas na caixa de cartão rectangular e que pertenciam a enfeites anteriores. Eu só as podia observar, nem pensar em tocar-lhes porque as podia deixar cair e partiam-se, dizia a minha mãe, mas a verdade, é que ela era incapaz ou não sabia como partilhar o imenso prazer que sentia ao adornar o pinheiro com aqueles mágicos objectos. Passávamos uma tarde inteira a travestir o pobre pinheiro, eu sentada no chão ao lado da tentadora caixa, ia dizendo à minha mãe onde podia ficar melhor um ou outro enfeite, aproveitando a sua distracção para ir mexendo nas fitas, nos anjinhos, na manjedoura, e claro, nas proibidas bolas coloridas. A minha mãe dava o toque final a toda aquela maquilhagem com pequenos pedaços de uma substância branca que parecia algodão, que segundo ela, imitava os flocos de neve, que eu nunca tinha visto.