quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Colete de varas de ferro


Mal sabia a minha mãe que aquele movimento corriqueiro iria marcar o resto da sua vida, ao baixar-se para pegar em mim ao colo, os seus ossos estalaram e não voltou a poder erguer-se, quedando-se prostrada a meus pés. Eu não voltaria ao seu colo sem que ela fizesse uma delicada operação à coluna, nada mais havia a fazer. Procurou o melhor especialista e avançou para a aventura. Mas correu mal a operação, a culpa foi das radiografias, que enganaram o doutor, que era um verdadeiro especialista, mas foi enganado, deveria ter feito uma coisa e fez outra, mas nada que não se pudesse compor na segunda operação, dizia o doutor, que a minha mãe não quis mais ouvir porque outro grande especialista lhe tinha dito que se operação voltasse a correr mal ficaria entrevada, por isso, depois de quase um ano acamada e ter reaprendido a andar decidiu continuar a viver com a coluna desarranjada.
Fartou-se do colete de varas de ferro que lhe punham a coluna direita, mas que achatavam os peitos e tiravam as curvas e arremessou-o para um canto do guarda-vestidos, mas quando as dores apertavam, voltava a espartilhar-se com promessas de não mais o abandonar.

3 comentários: