
Ia com o meu pai ao aeroporto ver os aviões, subíamos a escadaria que dava acesso à varanda que ficava virada para a pista e aí ficávamos a observar os aviões que chegavam e partiam, as manobras que faziam, as escadas que lhes punham por onde saiam ou entravam as pessoas. A varanda estava sempre cheia de gente, alguns chorosos e outros nervosos, muitos atiravam o último beijo de muitos anos de separação e ficavam ali petrificados até o avião desaparecer entre as nuvens. Todo aquele reboliço assustava-me, os motores faziam muito barulho e estremecer o chão, mas eu com as minhas mãos a tapar os ouvidos, meio encolhida e encostada ao meu pai via aquelas máquinas ganharem lanço na pista e erguerem-se nos céus. Ouvia atentamente o meu pai explicar que os aviões transportavam as pessoas para locais muito distantes onde não se podia ir de carro nem de comboio.