segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Moscas


Aquelas terríveis moscas, as da aldeia do meu pai, aquelas que picam o gado que está no andar térreo da casa e quando se passeiam pelo andar superior como não têm vacas nem porcos para atacar, mordem as nossas pernas, os nossos braços e tudo aquilo que puderem, não nos restando outro remédio senão agitarmos todo o nosso corpo como se estivessemos constantemente com convulsões, sendo muitas vezes necessário recorrer a palmadas porque a agitação nem sempre as assusta. Um dos meus passatempos preferidos nas tardes dos domingos escaldantes de verão, era observar as moscas a tentarem devorar o meu pai e os meus tios que tentavam dormir a sesta após o almoço familiar. Chegava a contar mais de cinquenta moscas pousadas nos seus corpos suados, e eles completamente desmaiados de sono, lutavam com estes inimigos invencíveis que mesmo por cima de lençóis brancos insistiam no ataque.

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