quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A lavagem do automóvel


Lá em casa éramos quatro humanos e um automóvel que era tratado quase como humano, tal era o cuidado que o meu pai tinha com ele. Durante a semana estava parado no mesmo lugar com a sua capota cinzenta que o protegia do calor, da chuva e do pó; ao sábado e ao domingo eram os dias das voltinhas até à foz ou à aldeia. As segundas-feiras era o dia do banho e a pessoa responsável por essa tarefa era eu. O ritual era sempre o mesmo e não havia margem para erros. Primeiro sacudia os tapetes, de seguida limpava os estofos, volante, e tudo o que fosse de plástico, couro ou imitação de couro e estivesse no seu interior com um pano húmido não esquecendo os vidros e o espelho retrovisor com detergente limpa-vidros e jornal para que não ficasse qualquer dedada ou embaciado. Com o interior do carro perfeitamente limpo, seguia-se a parte exterior, cuja limpeza inicialmente consistia numas baldadas de água para retirar poeiras mais grossas que pudessem riscar a pintura, passando para o ensaboamento de toda a chaparia e vidros terminando nas jantes e face exterior dos pneumáticos, a secagem com pano fino e devidamente limpo era a parte final de todo este processo. Com o automóvel a brilhar era chegada a hora da colocação da capota cinzenta que não era feita de qualquer maneira, posta sempre da frente do carro para trás e depois para os lados, ajustando bem os elásticos para que todo o carro ficasse bem protegido. No fim desta tarefa eu suspirava de alívio, ainda tinha uma semana pela frente até à próxima lavagem.

Sem comentários:

Enviar um comentário