quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O rapaz espécie de príncipe


Todos os passeios da minha mãe eram feitos na companhia dos tios que a criaram, e como a minha mãe era uma rapariga alegre tudo o que fosse festa e romaria era do seu agrado, como os bailes de Carnaval no Palácio de Cristal onde uma vez um simpático e elegante rapaz se aproximou dela e dos tios pedindo autorização para lhes oferecer um picolé, cujo consentimento foi dado com satisfação, tal era a delicadeza do rapaz. Passaram toda a noite na companhia do amável desconhecido que dançou pela madrugada fora com a minha mãe e que no final se ofereceu para os levar a casa no seu espectacular automóvel confessando a intenção de novo encontro nos dias seguintes. A minha mãe sentia-se uma cinderela assustada, achava que não servia para o rapaz porque não pertencia à sua condição e apesar da insistência dos tios decidiu não voltar a encontrar-se com aquele rapaz espécie de príncipe. Como não atendia o telefone, o rapaz decidiu montar guarda na porta de sua casa, obrigando a minha mãe a usar os seus dotes de disfarce para que pudesse passar por ele sem ser reconhecida, o que aconteceu diariamente durante uma semana, a minha mãe passava rente aquela espécie de príncipe envergando luto carregado com os olhos postos no chão como se a luz do dia lhe fosse insuportável. Ao fim daquela semana a minha mãe não voltou a ver o rapaz espécie de príncipe mas guardou sempre dentro de si aquele possível caso de amor.

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