domingo, 27 de setembro de 2009

Vou apanhar grilos


Quando estava na aldeia gostava de sentir o entardecer, sentava-me no esteio de granito em frente a casa e ali ficava a ver o sol a esconder-se nas montanhas do fundo. O ar abafado do fim de tarde carregava o cheiro da caruma queimada na lareira da minha avó e aos poucos o chilrear dos pássaros dava lugar ao cântico repetitivo dos grilos que iniciavam o seu reportório de toda uma noite.


O meu tio Adolfo perguntava-me se queria ir apanhar grilos, meio indiferente acabava por o acompanhar. Escolhia uma palhinha no meio de muitas e silenciosamente escutava o cri-cri dos grilos movendo-me muito devagar até ao buraquinho de onde saía a cantoria, depois de observar atentamente a casa do bicho cantor enfiava muito ao de leve a palhinha que fazia com que o grilo saísse. Avisava o meu tio da aparição do pequeno cantor, que rapidamente se prontificava a apanhá-lo e a colocá-lo numa pequena gaiola onde já estava colocada uma folha de alface que lhe serviria de manjar.

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