terça-feira, 29 de setembro de 2009

Estão mal lavadas!


O mais terrível do negócio do vinho era quando o meu pai decidia engarrafá-lo. Eram necessárias muitas garrafas de vidro que o meu pai comprava no farrapeiro, garrafas essas que estavam muito sujas, cabendo-me a mim a tarefa da lavagem. A melhor forma para retirar toda a sujidade daquelas garrafas imundas era deixá-las mergulhadas em água durante umas horas para ir amolecendo tudo o que se encontrava encrostado por dentro e por fora, e como vivíamos num apartamento eu utilizava o recipiente maior que lá existia para pôr de molho o maior número de garrafas, que era a banheira, enchendo-a de água com detergente. Mas as horas de molho não eram suficientes para retirar toda a sujidade, sobretudo a sujidade do interior da garrafa, por isso tinha que utilizar areia grossa que metia para dentro da garrafa junto com água agitando com toda a força que tinha de forma a que o sarro de outros vinhos que ali viveram desaparecesse, não esquecendo os rótulos e a cola do exterior. Era uma tarefa desesperante, a minha mãe e a minha irmã também ajudavam, mas o pior era quando o meu pai chegava a casa e ia inspeccionar as garrafas, uma por uma, e alto e bom som pronunciava o veredicto: “estão mal lavadas, tem que se voltar a lavar”.

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