segunda-feira, 1 de junho de 2009

O meu primo Fredo


Não sei bem porquê, acho mesmo que não existe nenhuma explicação, mas sempre que a minha mãe decidia ir visitar a sua meia irmã, a minha tia Fernanda, que vivia em Contumil, o marido dela estava a compor a soleira da porta, aconteceu tantas vezes que sempre que a soleira necessitava de arranjo os meus tios comentavam que a minha mãe estaria para aparecer.


Numa dessas visitas de soleira desarranjada, a minha mãe trouxe o meu primo Alfredo, a quem chamavamos Fredo, para passar uns dias em nossa casa, o que me deixou contentíssima porque tinha com quem partilhar as minhas brincadeiras. Nesse dia a minha mãe não colocou o meu lugar na mesa de jantar, improvisou uma pequena mesa para mim e para o Fredo e deu-nos ovos estrelados com batatas fritas aos palitos grossos, que era um dos nossos pratos predilectos. Eu sentia que estava tudo perfeito, saboreava devagarinho cada palito de batata frita sarapintado de amarelo de gema de ovo, quando o meu pai regressou a casa do trabalho. Eu e o meu primo sorrimos, queriamos surpreender o meu pai, pois a vinda do Fredo para minha casa não foi programada, mas o meu pai não ficou surpreendido, virou-nos costas e dirigiu-se rapidamente à minha mãe para saber o que estava ali a fazer o meu primo. O meu primo encolhia-se de rejeição e eu encolhia-me de tristeza e desejando que o Fredo desaparecesse imediatamente para que terminasse aquela discussão infindável e incompreensível.


No dia seguinte, o meu primo Fredo regressou a sua casa, e desta vez a minha mãe não ia a casa da minha tia Fernanda em dia de arranjo da soleira da porta.

2 comentários:

  1. Ora seja muito bem-vinda à blogosfera. Ainda por cima com um registo tão pessoal mas, ao mesmo tempo, tão original! Viva o tendão de Aquiles!!! Fiquei freguês!

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  2. Obrigadinha amigo.
    E o jantar quando sai???

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