sexta-feira, 22 de maio de 2009

Nasci a pedir vinho


Quando a minha mãe estava grávida de mim desejou beber uma garrafa de vinho inteira, mas tinha que ser bebido pela garrafa e de uma só vez, sem paragens. O desejo tinha estas características, contudo não o fez porque tinha vergonha de ficar bêbada, mas ao mesmo tempo também estava preocupada em não cumprir o desejo porque eu poderia nascer “ougada” e com o cabelo em pé, o que efectivamente aconteceu, segundo versões familiares.


Desde tenra idade que sempre que apanhava um copo de vinho o bebia, toda a gente tinha que andar com mil cuidados para que não me fosse parar às mãos vinho, era habitual nas reuniões de família à mesa eu sorrateiramente pegar nos copos e beber o restinho de vinho que ficava no fundo. Era tamanha a minha vontade e sofreguidão pelo vinho que os meus pais já não sabiam o que haviam de fazer até que a minha avó propôs que eu comesse um pão de milho especial que se fazia para dar a “ougados”. Esse pão era confeccionado pela minha avó que à sua feitura acrescentava umas rezas indo a cozer no forno de lenha e depois eu tinha que o comer atrás da porta. Eu adorava estes pãezinhos de milho, comi muitos atrás de todas as portas porque não havia maneira de me passar o gostinho pelo vinho, e a verdade é que nunca passou.

Sem comentários:

Enviar um comentário