segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O sapatinho vermelho


Quando entrei no ciclo preparatório, ocorreram algumas mudanças na minha vida, tais como, começar a andar de transportes públicos sózinha e receber uma semanada, que me deixaram com a sensação de ter crescido. O meu pai deu-me um porta-moedas que tinha a forma de um sapatinho e era feito de um plástico vermelho brilhante e disse-me que era para eu guardar o dinheiro que me dava, que não era mais de vinte e cinco tostões por semana e que eu guardava cuidadosamente dentro do sapatinho. O meu pai aconselhava-me a poupar o dinheiro e a não gastá-lo mal, mas eu não sabia o que é que ele queria dizer com gastar mal, pois a única coisa que eu comprava com aquele dinheiro era uns rebuçados em forma de limõezinhos de cor esverdeada com sabor a limão, uns chupas e umas chicletes Pirata, num quiosque que ficava no passeio do lado direito da rua dos bragas quando se seguia em direcção à rua de cedofeita.

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