domingo, 4 de outubro de 2009

As pastilhas dos nervos


Saía da catequese quando vejo o meu pai dentro da carrinha quatro L de cor creme a acenar-me para que eu entrasse rapidamente. Estranhei o seu aparecimento, ainda por cima de carro, afinal de contas o meu pai só andava de carro ao domingo da parte da tarde quando íamos dar um passeio e nunca de manhã. Assim que entrei na carrinha, ele disse-me que íamos ao hospital porque a minha irmã tinha comido as pastilhas dos nervos. Não percebi muito bem o que isso significava, mas a minha mãe que ia sentada no banco da frente com a minha irmã ao colo estava com cara de aflição e tentava a todo o custo segurar na minha irmã que se agarrava ao volante, puxava a alavanca das mudanças e esforçava-se por abrir a porta do carro em andamento. Quando chegamos ao hospital a minha irmã foi entregue aos médicos que a levaram rapidamente para uma sala onde não podíamos entrar. Enquanto esperávamos pela devolução da minha irmã, a minha mãe chorava, o meu pai deambulava mudo pela sala de espera e eu muito quieta e calada observava-os.

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