quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Passeios de domingo à tarde


Ao domingo depois de almoço tínhamos todos que ir passear. O meu pai dizia à minha mãe para preparar qualquer coisa para o lanche porque íamos dar uma volta. Todos enfiados no carro e por uma rua ou por outra a volta ia dar sempre ao mesmo destino, o mar. O local em que parávamos não variava muito, era algures entre a foz do Porto e Matosinhos. Aí chegados, o meu pai ligava o rádio sintonizado no relato de futebol, inclinava para trás o encosto do seu banco que fazia com que eu e a minha irmã tivéssemos que estar mais juntas e passados alguns minutos adormecia embalado pelo futebol que não lhe interessava e pelo som da ondas que iam e vinham. A minha mãe pegava no seu croché que fazia e desfazia e ali se quedava ausente. A minha irmã brincava com o que podia e muitas vezes também adormecia. Eu observava resignada a minha família e tentava imaginá-la diferente, limpava o ressoado dos vidros do carro e mirava o mar. Com o tempo comecei a gostar dos passeios de domingo à tarde, das horas passadas em frente ao mar, onde a minha família se ausentava e eu simplesmente contemplava.

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