segunda-feira, 29 de junho de 2009

A promessa


A minha mãe acreditava em deus e nos santos e quando tinha uma aflição a primeira coisa em que pensava era em pedir ajuda a essas forças que considerava divinas, mas como tudo na vida tem um preço, a minha mãe acreditava que se lhes prometesse alguma coisa, seria mais rapidamente atendida, ou até mesmo ouvida, pois ela sabia por experiência própria que os deuses nem sempre atendiam os seus pedidos. As promessas eram variadas, dependendo de serem grandes ou ligeiras as aflições em que a minha mãe se envolvia, em determinadas alturas eram sete ou quatorze velas a arder no altar do santo padroeiro da aflição, outras vezes a oferenda de uma vela do tamanho da pessoa para a qual ela estava a fazer o pedido, ou então, a promessa de levar a pessoa numa procissão, que foi o que fez comigo quando eu tinha cerca de cinco anos, tendo prometido levar-me vestida de anjinho na procissão da santa rita. Não sei o que me terá acontecido para que a minha mãe tenha feito tal promessa, a única coisa que sei é que nunca foi cumprida.

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