quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Tapete de pétalas


Apanhava camélias e rosas que depois desfolhava e espalhava pelo caminho e entrada da casa dos meus avós, ficando um tapete de pétalas coloridas muito bonito. Ouvia-se um sino ao longe e em casa a minha avó e as minhas tias davam os últimos retoques na mesa da sala de jantar. O som do sino aproximava-se e quando à distância de um espreitar por entre os pinheiros se via a comitiva, corríamos todos para dentro da sala e colocávamo-nos em sentido à volta da mesa onde se encontrava o pão-de-ló, as amêndoas de licor e de chocolate e o vinho, aguardando o grupo de homens que repentinamente irrompiam pela sala empunhando uma cruz com o cristo que chegavam à boca de cada um de nós para que a beijássemos. Depois da ronda de beijos o meu avô dava uma oferenda ao padre que era sempre dinheiro e oferecia a comida e bebida que se encontrava exposta na mesa que geralmente recusavam. Da forma rápida que apareciam também desapareciam, restava o perfume das pétalas pisadas.

1 comentário:

  1. Dias de tradição esses.Hoje alguns desapareceram.A minha mãe lembra-se da toalha branca,bordada que se punha para receber o Sr.Padre e a cruz.Eu não tenho experiência disso,só de ver o sacristão com a cruz de porta em porta,e às vezes,mal têm tempo de entrar...Bom,talvez porque moro à entrada de uma cidade.Mas acredito que muitas aldeias terão mantido essas vivências tão bonitas.

    Jocas gordas
    Lena

    P.S.: a blogagem de Outubro da Aldeia começa amanhã.Com texto,já não dá para participar,mas pode ler,comentar e votar.Os textos são verdadeiros petiscos :)

    Bom fim-de-semana

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