domingo, 21 de junho de 2009

A Feira Popular


Ia todos os anos com os meus pais à feira popular nos jardins do Palácio de Cristal, de mão dada ao meu pai e a minha irmã de mão dada à minha mãe, passeávamos nas noites quentes de verão por entre os carrosséis, as barracas das farturas e os matraquilhos. Não falávamos, deambulávamos pelo recinto como sonâmbulos, nada era capaz de nos fazer sobressaltar até ao momento em que o meu pai parecia acordar e oferecia algodão doce.


Nesse momento dava-se início a uma nova etapa no nosso passeio, os ruídos pareciam chamar-me e faziam-me olhar em várias direcções sem fixar o olhar em nada em especial, o açúcar do algodão doce desfazia-se na boca, a tentação por experimentar coisas novas aumentava, como aquelas cestas semelhantes a baloiços que giravam a grande velocidade. Sentia vontade de andar nas cestas, mas não sabia se o meu pai me permitiria, treinava mentalmente o pedido, até que ganhava coragem e perguntava-lhe se me deixava andar naquelas cestas voadoras.


De todos os carrosséis, as cestas talvez fossem as que pareciam menos seguras, mas curiosamente o meu pai cedeu ao meu pedido e quedou-se imóvel a ver-me sobrevoar a feira popular como que a contemplar um pássaro no seu voo de iniciação.

2 comentários:

  1. Também sou do Porto e ler a sua notícia deu-me imensas saudades desse tempo em que eu também ia com os meus pais. Adorava esses passeios.
    Bons tempos

    Abraços

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  2. Bons tempos... é verdade... ainda hoje quando vou a alguma festa popular procuro pelas cestas que tanto gostava, mas não as encontro, creio que foram trocadas por carrósseis mais sofisticados e horrivelmente ruidosos.

    Um abraço

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